quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

O QUE SOU


Sou a filha da mãe sem filha, a mãe do filho espetacular, os brinquedos que tive, brincadeiras que fiz, a estudante de administração que não se formará nesse curso, sou a ansiedade, os amores que vivi, os lugares onde andei, sou as gírias idosas, os amigos com quem dividi coisas sérias, as palavras fora de hora, sou Brasília e entorno, enfim, sou o que eu me lembrar.

Sou a paixão mal resolvida, as fazendas onde estive, a saudade que atordoa, o amor que não era verdadeiro, a neta mimada, os amigos que tive na Escola Adventista e em tantas outras, a saudade da convivência com o pai (e até com a mãe), sou a dor por ter perdido, sou o que vejo nas ruas, os orgasmos, as crises, a bebedeira, a palhaçada, a mulher dedicada, a música, sou saudade de tudo.

Sou o nó na garganta, o ciúme encubado, o corpo problemático, a filha única, os palavrões absurdos, eu sou tudo o que está no passado e o que possivelmente virá no presente - até o que eu não gostaria de ser-, sou a praia onde avistei o pôr-do-sol, sou a mãe da filha que não é minha, sou o beijo, a cara de pau, a desilusão, a revolta envolta, a sobrinha querida, a inveja.

Sou a prima brigona, o agradecimento, a frustração por não ter dado certo, sou Sobradinho, sou o barraco aprontado pelas noites afora, o amor mal amado, sou a vergonha, sou a doença curada, o ombro amigo, a foto guardada na lembrança, a filha doada, a meiguice que berra, a esposa que ama, a nora, as lágrimas que rolam, sou o ódio que tenho, sou a política, os amigos, os papéis, sou suor.

Sou o choro que escapa, a impotência diante de coisas que não posso mudar, a aversão a mentira, sou os pedaços que já juntaram de mim e os outros tantos que juntei de pessoas por aí, a mulher que grita forte, a grávida charmosa, aquilo que luto, sou os direitos que tenho – e os deveres também -, sou o que desnudo, sou dor, sou o que queimo, a casa da Vovó.

Não sou o que visto ou como, sou o que falo, escrevo, choro, o que leio e engulo, sou o que engasgo. Acima de tudo sou uma pessoa que só eu mesma consigo ver, mais ninguém... (Por mais que esteja exposto). Sou muito mais que tudo isso, muito mais!

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